Com arquitetura peculiar e contrastando com as modernas edificações da região central da cidade, está enraizada, na Avenida Centenário, parte da história da exploração carbonífera e do transporte ferroviário de Criciúma. O Memorial Casa do Agente Ferroviário Mário Ghisi, localizado próximo ao terminal Central, cercado todo tempo por pessoas e veículos, foi erguido na década de 20 e tinha por objetivo abrigar o Agente Ferroviário da Estação Ferroviária. Foi residência para as famílias dos agentes até 1970 e fazia parte do complexo Ferrovia D. Tereza Cristina. Tem muitos significados, um deles é o símbolo da união para a preservação de sua história.
Lá é possível conferir uma exposição fotográfica com diferentes momentos da Estação Ferroviária, móveis, objetos de época e obras de arte. A Prefeitura de Criciúma, por meio da Fundação Cultural de Criciúma (FCC) fez investimentos para o bom funcionamento do Memorial. A Casa passa por uma revitalização geral. Ganhou calçadas e floreiras, rampa para cadeirantes, fechaduras novas e trancas nas janelas, reforma em expositores e quadros. O monitor José Carlos Martins destaca que por mês, aproximadamente 80 pessoas visitam a casa. É um número pouco expressivo na sua visão. "Muitas pessoas olham a placa e não entram, pois não conhecem a história da cidade, de que aqui na frente passaram os trilhos da ferrovia", observa.
Segundo o monitor, para os mais idosos, a Casa é um resgate de uma história já conhecida. Quem entra, relembra fatos do passado, dos tempos em que os trens cortavam aquele local. Para os mais jovens, é necessário esmiuçar a narrativa. Por meio de fotos, é possível contar curiosidades, mostrar o pátio de manobras, dando pontos de referência. "Os mais jovens ficam impressionados ao saber que aqui ao lado, no Bistek, estava localizado o primeiro cemitério de Criciúma. Por meio do memorial é possível contar parte desta história", diz.
Ouro negro era o símbolo do desenvolvimento
O primeiro ramal da ferrovia D. Tereza Cristina chegou a cidade em 1919. Por muitos anos, os trilhos foram responsáveis por carregar o progresso. Nos vagões dos trens, o ouro negro era o símbolo do desenvolvimento. Fazia parte do complexo da ferrovia na cidade o pátio de manobras, a passarela (viaduto por cima dos trilhos por onde os pedestres atravessavam em direção ao centro), a estação ferroviária e as casas destinadas para moradias dos funcionários da rede. Dentre estas casas havia a do Agente Ferroviário.
Na década de 70 o carvão começou a enfrentar problemas, devido a vários fatores, entre eles a queda do preço. O trilho, que antes era emblema de modernidade, passou a ser considerado sinônimo de atraso. O desemprego fez com que muitas pessoas construíssem barracos nas beiras dos trilhos, formando favelas. Estas moradias foram deslocadas para uma região de Criciúma, que recebeu o nome de Vila Tereza Cristina. A retirada dos trilhos foi necessária para dar espaço a uma rodovia que escoasse o tráfego de Criciúma e região para a diversificação econômica, a Avenida Centenário.
Antes de se tornar um memorial, na década de 1980 funcionou no lugar um restaurante vegetariano. Na década de 90 foi demolida. Alguns setores entraram com ações na justiça e a construtora responsável pela demolição reconstruiu a casa, fato que se consolidou em 2001. A reconstrução da Casa do Ferroviário se tornou símbolo da luta e iniciou um movimento para a preservação do patrimônio histórico e cultural de Criciúma. Atualmente o memorial está aberto à visitação, de segunda a sexta-feira das 12h30min às 18h30min. Escolas e grupos podem agendar visitas ao local pelo telefone: 3445.8855.
Secom: Patrícia Nonnenmacher