Para preservar e proteger bens de alto valor histórico, artístico e cultural em Criciúma, a Administração Municipal realizou o tombamento de três monumentos de natureza material e simbólica na cidade. Foram reconhecidos como bens tombados a Casa do Agente Ferroviário Mario Ghisi, a parte interna da Mina de Visitação Octávio Fontana e o Monumento das Etnias, garantindo a preservação física desses espaços, assegurando que a história do município permaneça viva para as futuras gerações. A medida foi oficializada pelos decretos nº 1975/25, nº 1976/25 e nº 1977/25, publicados no Diário Oficial.
O tombamento é um instrumento legal de proteção do patrimônio cultural previsto em lei, que impede a descaracterização, destruição ou modificação de bens considerados de interesse histórico, arquitetônico, ambiental ou artístico. Por meio desse processo, o poder público assume o compromisso de preservá-los, junto com a comunidade. O prefeito de Criciúma, Vagner Espindola, destaca que a preservação do patrimônio é um investimento na identidade e memória da cidade.
“Criciúma tem uma história rica, construída pelo esforço de muitas gerações. Ao proteger nossos bens culturais, estamos valorizando quem veio antes de nós e deixando um legado para quem ainda virá. Preservar esses espaços é garantir que a essência da nossa cidade continue viva, como parte da vida e da formação de cada criciumense”, afirma o prefeito.
De acordo com a presidente da Fundação Cultural de Criciúma (FCC), Cristiane Maccari Uliana Zappelini, o tombamento reforça a identidade local e contribui para o fortalecimento do sentimento de pertencimento. “Esse é um gesto de respeito à história e às pessoas que ajudaram a construir a cidade. Quando um bem é tombado, ele passa a ser protegido por lei, garantindo que suas características originais sejam mantidas e valorizadas. É uma forma de manter viva a memória coletiva de Criciúma”, explica a presidente.
O tombamento dos bens faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e o Município de Criciúma. O TAC também inclui a restauração do Museu Municipal Histórico Geográfico Augusto Casagrande e o início de tombamento de seis novos bens culturais.
Com os novos decretos, Criciúma passa a contar com 24 bens tombados, incluindo o Centro Cultural Jorge Zanata, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, a Casa da Cultura, o Templo da Paróquia Nossa Senhora da Salete, o Monumento ao Mineiro e o Paço Municipal Marcos Rovaris. Os próximos tombamentos serão da Capelinha de Nossa Senhora Aparecida, localizada no bairro Sangão; do Mosaico Operário Industrial, instalado na Satc; e da Passarela da Antiga Estação Ferroviária, no bairro Milanese.
Interior da Mina de Visitação Octávio Fontana
Localizada no bairro Naspolini, a Mina de Visitação Octávio Fontana foi inaugurada em 28 de outubro de 2011, após a restauração da antiga Mina São Simão, que operou até meados da década de 1990. É considerada a única mina de carvão aberta à visitação na América Latina e figura entre os poucos espaços semelhantes no mundo. O local é administrado em parceria com a Associação Beneficente da Indústria Carbonífera (Satc), que conduz visitas guiadas contando a história do local.
As pesquisas para abertura do local iniciaram em 2009, analisando o potencial histórico e estrutural do local para fins turísticos, educativos e culturais para a cidade. A denominação é uma homenagem a Octávio Fontana, antigo proprietário das terras onde a mina está situada. Além do atrativo turístico para a região, a mina representa um patrimônio cultural para preservação da memória dos trabalhadores do carvão, que contribuíram para o desenvolvimento econômico e social do município.
Casa do Agente Ferroviário Mário Ghisi
A Casa do Agente Ferroviário, localizada na região central de Criciúma, é considerada a única edificação que resistiu às transformações urbanas no município durante as décadas de 1970 e 1980. Apesar de não se tratar da construção original do primeiro período ferroviário, a casa mantém a configuração e a localização simbólica da edificação demolida. O local representa a resistência da memória urbana associada à ferrovia, à mineração do carvão e à dinâmica social de Criciúma durante o século XX.
Monumento das Etnias
O Monumento das Etnias é uma obra que homenageia os povos imigrantes que contribuíram para a formação social, cultural e econômica de Criciúma. Localizado no Parque da Prefeitura, no bairro Santa Bárbara, cada ponta da estrutura representa uma etnia – italiana, polonesa, portuguesa, africana e alemã. Cada uma representa um conjunto de saberes, tradições, valores e modos de vida que deram origem à cultura criciumense.
A obra foi inaugurada em 1981, expressando a pluralidade, integração e reconhecimento das origens, representando as bases da identidade da cidade. A localização, no centro do parque, reforça sua função de marco memorial e de valorização das raízes dos imigrantes.